“Noé plantou a vinha
e tendo bebido do seu vinho, embriagou-se”, esta é a primeira alusão ao vinho
na Bíblia.
A partir da Ásia, a
vinha espalhou-se pelo Egito, Tracia (hoje, sul da Bulgária) e países
mediterrânicos.
E assim começa a
história do vinho e suas curiosidades como a adoração à Baco que ia além da
simples veneração devida ao criador e protetor da videira. No início Baco
apareceu como uma espécie de divindade suprema, contudo, logo se descobriu o
seu caráter, o seu culto desenvolveu-se para o lado em que se desfrutava de
todos os prazeres que o mundo oferecia.
As celebrações da vinha e do vinho em Atenas eram feitas em festas
especiais como procissões e espetáculos dramáticos e tomavam um dia por ano
totalmente dedicado a Baco, contudo os Bacanais, nasceram provavelmente no
Egito, de onde passaram para a Grécia e mais tarde para Roma com um inusitado
caráter de orgia, a tal ponto que os poderes públicos decretaram a sua
suspensão em 186 A.C. A dedicação da vinha a uma divindade, a importância que
se lhe dá nas escrituras bíblicas assim como o prestigio do vinho, presente em
tantas cerimônias religiosas e não religiosas, levou ao desenvolvimento de um
material pictórico riquíssimo que ilustra bem o tema e de grande valor
documental. Desta forma, estão nos desenhos assírios, nas pinturas funerárias
egípcias e nas as tábuas achadas em Cartago, Túnis e Marrocos, encontram-se
referências à videira e ao vinho.
Já na literatura,
existem autores como o poeta Hesíodo, os historiadores Heródoto e Xenofonte e o
geógrafo Estrabão que relataram através de suas obras exatamente como estiveram
repartidos os vinhedos na Antiguidade. Na Ásia prosperavam sobre as margens do
golfo Pérsico, na Babilônia, na Assíria, no litoral dos mares Cáspio, Negro e
Egeu, na Síria e na Fenícia. Palestina, pátria da fabulosa descendência de
Canaã, possuía uma gama de vinhos de grande reputação que provinham de plantas
selecionadas e cultivadas com esmero segundo os métodos que havia estabelecido
à lei hebraica.
A viticultura, do
Egito estendeu-se rapidamente à Europa, primeiro na Grécia, com vestígios do
templo de Baco. Os vinhos que se produziam nestas regiões eram levados em
navios a Roma onde os vinhos gregos, que gozaram de renome durante muito tempo,
alcançavam às vezes preços exorbitantes. Grandes consumidores de vinhos, as
pessoas daquela época caiam frequentemente no excesso, em Roma, o vinho era
proibido para as mulheres, desenhos antigos revelam o uso excessivo no Egito.
Através dos exércitos romanos, a vinicultura chegou à Gália e foi até Lyon,
passando por Helvécia, quando caiu no gosto dos gauleses e germânicos o seu
consumo generalizou-se, chegando a Bordeaux. Já no século III, o vinhedo
ocupava na Europa as mesmas regiões dos tempos atuais, incluídos os países do
Danúbio, graças, sobretudo ao imperador Marco Aurélio, que quando a guerra o
permitia, transformava suas legiões de guerreiros em pacíficos viticultores. Já
na época do Renascimento, o mapa do vinhedo europeu coincidia aproximadamente
com o atual. Com a colonização e a expansão do cristianismo a viticultura
atravessou o mar chegando aos países da América de Sul, o México, a Califórnia,
a África do Sul, e em alguns países islâmicos, como na Argélia, tomou novo
impulso. Nesta, como em todos os países muçulmanos, havia sido travada pelos
preceitos do Alcorão, que proibiam aos crentes o consumo de bebidas alcoólicas.
Doze séculos depois de Maomé, a Argélia encontrava-se à altura dos principais
países vinícolas do mundo. Porém, como sempre, o gênio e a perseverança dos
homens sobrepuseram-se a estas contrariedades. Atualmente os métodos de
vinificação alcançaram um grau de perfeição quase científico. Em época de voos
espaciais e da ciência nuclear o vinho conserva todo o seu prestígio.
Intimamente vinculado às origens da nossa civilização, constitui um de seus
desenvolvimentos mais importantes e pacíficos. E ainda continua sendo a mais
nobre das bebidas.
0 comentários:
Postar um comentário