sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

CANÔNICO: Vinho da missa

O vinho Canônico é o vinho utilizado pelos padres nas missas da igreja Católica. O vinho deve ser, obrigatoriamente, branco ou rose. A proibição do vinho tinto é uma questão bem religiosa, pois se o vinho pingar na toalha ou na roupa do padre essas peças não poderão ser lavadas, pois não se lava o "sangue de Cristo". Diante deste impasse, eles optam por vinhos claros que não deixam as manchas tão evidentes. Não se trata, claro, de qualquer vinho, pois ele segue instruções rígidas do Vaticano.
O artigo de número 50 do documento Redemptionis Sacramentum, lançado em 2004 pelo Papa João Paulo II, estabelece: “O vinho que se utiliza na celebração do santo Sacrifício eucarístico deve ser natural, do fruto da videira, puro e dentro da validade, sem mistura de substâncias estranhas. (…)Está totalmente proibido utilizar um vinho de quem se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos. Não se deve admitir sob nenhum pretexto outras bebidas de qualquer gênero, que não constituem uma matéria válida. ”

O vinho canônico costuma ser uma bebida licorosa e doce que recebe adição de álcool etílico. O elevado teor alcoólico e a grande concentração de açúcar cumprem a função de conservar o produto por mais tempo, já que o vinho tem um consumo lento, pois é consumido um pequeno volume a cada missa, e precisa durar mais tempo na garrafa.
No Brasil, entre os rótulos mais conhecidos destaca-se o Vinho Canônico, produzido e comercializado pela Vinícola Salton, que começou a vinificar vinhos para missa há mais de 70 anos. Os primeiros exemplares foram feitos sob encomenda de um padre espanhol que solicitou à empresa, localizada em Bento Gonçalves, que produzisse um vinho de missa semelhante ao que ele estava acostumado a usar na Europa, ou seja, mais licoroso e doce.
Para sua vinificação são usadas as variedades Moscato (50%), Saint-Emilion (40%) e Isabel (10%), o resultado é um vinho licoroso e rosado com uma graduação alcoólica de 16º GL.

Muitas são as referências e analogias do vinho no cristianismo. Assim como Jesus, que foi crucificado, morto e ressuscitou no terceiro dia, a videira também remete seu ciclo de vida a uma simbologia do sagrado: ela perde sua folhagem e no inverno hiberna como se estivesse morta e renasce na primavera para dar o fruto que será fermentado e transformado em vinho. A Bíblia tem várias alusões a esta bebida secular. Noé, logo ao descer no Monte Ararat, plantou uma videira para fazer vinho e embriagar-se. O primeiro milagre de Jesus, segundo os Evangelhos, foi transformar água em vinho em Caná, na Galiléia. Na Santa Ceia, Cristo celebra o pão como seu corpo e o vinho como seu sangue, o ritual que é repetido em toda a missa para celebrar a nova aliança do Senhor com os homens.
A união entre a civilização ocidental, o cristianismo e o vinho é histórica, e tem início com a conversão do império romano a esta corrente religiosa. O resultado é que grandes e tradicionais produtores do vinho, como a França, Portugal, Espanha e Itália, que sofreram influência do Império Romano, são países de forte tradição cristã. A história brasileira também está marcada, desde o descobrimento, pela necessidade do cultivo das videiras em função das missas que os jesuítas celebravam no início da colonização. No livro Presença do Vinho no Brasil de Carlos Cabral, tem um trecho: “Na frota de Cabral se rezava missa todos os dias. Tinha que ter vinho. O Brasil foi colonizado por católicos fervorosos. Para isso era preciso ter vinho sempre. E assim a bebida foi sendo implantada na terra dos tupiniquins. ”

Adorei a história do vinho canônico, mas o vinho...
No aroma, tem cheiro de suco de uva com álcool. O sabor é de suco de uva misturado com um pouquinho de vinho do Porto. 
Valeu pelo aprendizado e pela experiência. Mas não pelo gosto do vinho, mas se quiserem experimentar custa em média R$ 30,00.



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